Nota de Repudio
Vitória, 15 de Março de 2018
Marielle Franco presidia a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher na Câmara de Vereadores e obteve a quinta maior votação por sua luta ativa e vigorosa na defesa dos direitos humanos. Mulher negra, nascida em uma das regiões mais pobres daquela cidade, Marielle foi uma incansável lutadora na defesa dos direitos individuais e coletivos, e pelas transformações que possibilitassem melhoria das condições de vida dos excluídos economicamente e socialmente. Era uma mobilizadora pela afirmação da igualdade racial e de gênero, e combatia com altivez e dignidade a violência policial nas comunidades pobres.
Com determinação, enfrentou as adversidades impostas pela pobreza, formou-se em Sociologia e cursou mestrado em Administração Pública. A perda de Marielle simboliza o drama das mulheres brasileiras que sofrem, cotidianamente, diferentes tipos de violência e assassinatos. Sua morte também resulta da grave instabilidade democrática no Brasil, do retrocesso nas garantias institucionais aos cidadãos, e da impunidade que permite a banalização do crime. Marielle combatia a criminalização da pobreza – inaceitável no Estado Democrático – e por isso mesmo enfrentou a violência de setores que querem o retrocesso democrático e o Estado policial.
A Universidade Federal do Espírito Santo, engajada e mobilizada na defesa dos direitos humanos, repudia com veemência mais esta violência, na expectativa de que a sociedade brasileira saberá buscar a consolidação e o aperfeiçoamento da democracia. As vozes que representam os interesses da sociedade não serão caladas com a barbaridade desse crime. Em resposta à execução de Marielle Franco – pela sua luta e seu exemplo – novas vozes se elevarão para enfrentar as desigualdades, as injustiças e a intolerância. Novas vozes saberão defender a vida e a democracia.
A Administração Central